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domingo, 13 de novembro de 2011

Realismo de Platão (filosofia)

Alethéia: O realismo de Platão
‘República – livro VII’; ‘Alegoria da caverna’. 
O que vemos de um objeto é uma impressão; para Aristóteles, a impressão que acontece com a visão é como a marca de um sinete na cera. A realidade que temos é múltipla, sendo essa multiplicidade um problema, uma vez que temos dificuldade de identificar, com especificidade, o indivíduos que procuramos (há cadeira de formas diferentes). A nossa realidade também é impermanente, por isso é mutável e podemos identificar isso quando comparamos fotografias nossas do passado com a atualidade, desse modo uma foto sua de criança é diferente de você adulto, muitas vezes tem pouco a ver ou quase nada a ver.
Desse modo, podemos usar Heráclito: é possível o mesmo homem entrar no mesmo rio duas vezes? Sim e não, porque no momento que ele sai do rio, o rio já não e mais o mesmo devido às condições do tempo, mas o rio não deixa de ser o rio que entrou anteriormente, ele continua sendo o “rio amazonas”, por exemplo.
Nesse sentido, Platão pergunta qual a verdadeira realidade. O mundo empírico é mutável e múltiplo, assim, como podemos conhece-lo?
Platão questiona se podemos ter um conhecimento verdadeiro, sem errar, com certeza que falaremos somente a verdade. No entanto, o mundo empírico de Platão é o mundo das sombras, e nunca se tem certeza do que é uma sombra; o que não significa que esse mundo não exista, que foi o erro de muitos autores, quando consideraram-no uma espécie de budista (que acreditam que esse mundo é mera ilusão). Pelo contrário, Platão diz que sombras são reais, mas você não tem certeza do que é essa sombra e, desse modo, diz que o nosso mundo é um mundo de probabilidade, e não um mundo de certeza.
Daí, não poderíamos colocar que os sentidos seriam os critérios verdadeiros que nos mostram a verdadeira realidade de modo a nunca nos enganar; se isso é verdade, não existiria um daltônico, ilusões de óptica seriam impossíveis... O problema dos nossos órgãos de sentidos é que eles podem ser alterados: você pode ser daltônico, pode ter miopia... Mas a conjugação de dois órgãos de sentido não nos causa o problema de conhecimento;
Desse modo, Platão diria que os sentidos da pessoa não podem ser objetos de conhecimento da realidade (uma maçã bonita e aromática poderia não ser gostosa), uma vez que podemos admitir as ilusões coletivas, desse modo, ate a conjugação das estruturas de sensibilidade de toda uma comunidade poderiam não dar a verdadeira realidade, o verdadeiro conhecimento. Os sentido são, sem dúvida, um conhecimento, mas não o verdadeiro conhecimento.
Os sentidos te enganam, mas o pensamento corrige; então, o pensamento permitiria conhecer a verdadeira realidade, uma vez que, como afirmam os gregos, ele é a razão em ação.  O pensamento toma conhecimento do objeto e faz a correção necessária e, desse modo, a verdadeira realidade seria aquela estabelecida pelo pensamento. Tal correção pode ser assim feita porque o pensamento é um conjunto de conceitos que podem ser estabelecidos com representações mentais de realidade: o pensamento seria um grande arquivo que relaciona tudo aquilo com os conceitos do arquivo.
No entanto, Platão aponta o problema para essa concepção do pensamento como fonte da verdadeira realidade: nos pensamos apenas naquilo que nos é relevante, além de o nossos pensamento pensa por partes e daí vai raciocinando. Assim, se o pensamento fosse a verdadeira realidade nós teríamos que pensar tudo sobre tudo ao mesmo tempo, o que não ocorre (o que nós não pensássemos teriam que deixar de existir); seria possível, por exemplo, a existência dos números. Além do mais, o nosso próprio pensamento é mutável, logo as coisas teriam que mudar. Assim, podemos conhecer a realidade, o que não significa que a criamos: por exemplo, a realidade de Peter Pan é criada a partir de uma realidade que já existe, uma vez que junta-se uma borboleta com uma mulher e encontra-se uma fada. O nossos conhecimento teria que ser de tantalidades e pensar nelas o tempo todo.
Conclui, por fim, Platão que deve existir uma realidade que permite que esse mundo exista, e não pode estar aqui: a realidade transcedental.
Para Platão, a verdadeira realidade não está nesse mundo, nem nos sentidos, nem no nosso pensamento; tem que ser a realidade que nos permite conhecer e conhecer o verdadeiro: mundo das ideias (idéa).
O mundo das ideias é eterno e imutável. O conceito é a substância separada, que se encaixa nas coisas para nomeá-la, entidade real que existe no mundo. Logo, se o pensamento fosse o critério, todos teríamos que pensar na mesma coisa sob um comando. Quando aprendemos no mundo empírico, apenas relembrando o mundo das ideias. Nós não criamos, nos relembramos. Vão existir graus de memória, existindo pessoas que relembram melhor. E assim, afirma: nada há no mundo empírico e nada há no mundo do pensamento que não existe no mundo das ideias: realismo ante rem;
A crítica mais interessante à Platão foi elaborada por Aristóteles. No modelo de Platão, nada há na realidade empírica se antes não existir na realidade das ideias; segundo a posição e Aristóteles, se tem um problema de multiplicidade de mundos, pois Platão, na verdade, faz 3 mundos: o empírico, o do pensamento e o ideal.
Coloca, também, que existe uma relação de conhecimento das ideias e da participação das sombras dos verdadeiros objetos, os quais se encontram no mundo das ideias. Assim, a sombra depende ou participa do objeto que a cria, que é a própria relação com o mundo das ideias que implica na existência. A tese de Aristóteles está exatamente na noção de participação: se, justamente, a noção da realidade pela participação pode ser questionada, então não seria possível se questionar o mundo das ideias? Assim, a própria participação se torna uma ideia. Toda vez que se relacionar um objeto das ideias com um empírico, se cria uma participação e conforme vai ser relacionando vai se duplicando as participações; assim, o mundo das ideias seria, também, super-populoso.
Homem RI


Participação1
Participação3


Partocipação4
Participação




Participação2
Participação5

Homem RE
Participação6
Se para cada participação existente se deve fazer uma participação, daí cairemos na redução infinita. E a indagação seria de como se pode ter a primeira participação, aquela que se possa explicar toda a série de participação que se pode existir. Na verdade, nunca se chegará a primeira participação, por isso não há relação entre o mundo das ideias e o empírico. Desse modo, coloca que a teoria de Platão cria um terceiro mundo que é desnecessária, porque não se explica logicamente: nesse caso, o mundo das ideias é uma complicação desnecessária.
Platão explica esse problema estabelecendo ‘a ideia das ideias’ como causa de tudo: o sol seria a luz, a ideia de bem (sumo bem); a ideia suprema, que é a causa de todo o pensamento, é a ideia de bem.

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