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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Valores (Ética, Cidadania e Realidade Brasileira I)


Ética, Cidadania e Realidade Brasileira I
Tema – Valores
Principal Bibliografia utilizada:não identificada;
Aula 04


Valores
Todo ato moral inclui a necessidade de escolher entre vários atos possíveis. Ter de escolher supõe que preferimos o mais valioso ao menos valioso moralmente ou ao que constitui uma negação de valor desse gênero (valor moral negativo ou desvalor). Ter um conteúdo axiológico significa que consideramos a conduta boa ou positiva, digna de apreço ou de louvor, do ponto de vista moral. Assim, pois, tanto as coisas que o homem não criou, como os atos humanos ou os produtos da atividade humana, têm um valor.
Que são os valores
 Temos assim uma dupla existência do objeto: como objeto natural; como objeto natural humano ou humanizado. Como objeto natural, é simplesmente um fragmento da natureza com determinadas propriedades físicas e químicas. Como objeto humano, dota-se de certas propriedades (estéticas, prático-utilitárias ou econômicas) que somente possui quando posta numa relação especial com o homem. O objeto adquire um valor para nós na medida em que o seu modo natural de existência se humaniza, assumindo propriedades que não existem no objeto em si, à margem da relação com o homem.
As propriedades que consideramos valiosas, existem somente baseadas nas naturais que constituem - com seu brilho, brancura, maleabilidade e dutilidade - o suporte necessário delas, ou seja, da beleza, da utilidade ou do valor econômico.
Valor econômico
O termo "valor" deriva da economia. Marx analisou o valor econômico, desvendando-nos as características essenciais do valor em geral. A análise do valor econômico se revela muito fecunda quando se trata de esclarecer a essência do valor em geral, evidenciando a sua significação social.
A mercadoria é, em primeiro lugar, um objeto útil; isto é, satisfaz determinada necessidade humana. Temos a dupla relação de valor: com as propriedades materiais do objeto; com o sujeito que o usa ou consome. Por esta razão: o objeto somente poderia ser usado ao entrar em relação com o homem social. Para que um objeto tenha um valor de uso, exige-se que satisfaça uma necessidade humana, independentemente do fato de ser natural (ar, terra virgem, pradarias naturais etc.) ou produto do trabalho humano. Quando estes produtos se destinam não só a ser usados, mas antes de tudo a ser trocados, transformam-se em mercadorias e, então, adquirem um duplo valor: de uso e de troca. O valor de troca da mercadoria é indiferente ao seu valor de uso; Somente um objeto útil pode ter um valor de troca.
Enquanto o valor de uso põe o objeto numa relação clara e direta com o homem, valor de troca aparece superficialmente como uma propriedade das coisas, sem relação alguma com ele. Mas o valor de troca, como o valor de uso, não é uma propriedade do objeto em si, mas do objeto como produto do trabalho humano. O valor de troca e uso são propriedades do objeto com relação ao homem; eles não existe em si, mas em relação com as propriedades naturais, físicas, do objeto-suporte, e também em relação com o sem o qual tal objeto não existiria, nem potencial nem efetivamente, como objeto de valor.
Definição de valor
Não existem valores em si, como entidades ideais ou irreais, mas objetos reais (ou bens) que possuem valor; somente existem na realidade natural e humana como priedades valiosas dos objetos da mesma realidade. Exigem a existência de certas propriedades naturais ou físicas que constituem o suporte necessário das propriedades que consideramos valiosas, que o são somente em potência (o que vale somente em potência adquire um valor efetivo).
Objetivismo e subjetivismo axiológicos
A concepção da natureza do valor, que esboçamos, permite-nos enfrentar duas posições unilaterais, o subjetivismo e o objetivismo axiológicos. O subjetivismo axiológico reduz o valor de uma coisa a um estado psíquico subjetivo, a uma vivência pessoal; o valor é subjetivo porque para existir necessita da existência de determinadas reações psíquicas do sujeito individual, com as quais se identifica. Essa posição “Tem razão” quando sustenta que não existem objetos de valor em si, independentemente de qualquer relação com um sujeito. O subjetivismo erra quando recusa por completo as propriedades do objeto que podem determinar a atitude valorizadora do sujeito.
Mas, a reação do sujeito não é exclusivamente pessoal uma vez que ele pertence a uma época e sociedade. É por isso que o subjetivismo falha quando tenta reduzir o valor a uma mera vivência, ou estado psíquico subjetivo.
A separação radical entre o valor e a realidade ou independência dos valores com respeito aos bens em que se encarnam. Os valores são independentes com respeito a todo sujeito. Os valores existem em si e por si, independentemente de qualquer relação com o homem como sujeito que possa conhecê-los, apreendê-los ou avaliar os bens em que se encarnam. São, pois, valores em si e não para o homem. Como entidades absolutas e independentes, não precisam de ser postos em relação com os homens, como também não precisam de ser relacionados com as coisas (encarnar-se em bens). O homem pode manter diversas relações com os valores. Podem historicamente variar as formas de relação dos homem com os valores, nas nem ignorância de um valor nem as mudanças históricas no seu conhecimento ou na sua realização afetam minimamente a existência dos valores, já que estes existem de um modo intemporal, absoluto e incondicionado. Ainda que o objetivismo, atribuindo ao valor um caráter absoluto, intemporal e incondicionado, separe-o dos bens ou coisas valiosas, não pode deixar de reconhecer que o bem não poderia existir como tal sem o respectivo valor.
Objetividade dos valores
Nem o objetivismo nem o subjetivismo consegue explicar satisfatoriamente a maneira de ser dos valores. Os valores existem para um sujeito, entendido não no sentido de mero indivíduo, mas de ser social; exigem também um suporte material, sensível, sem o qual não têm sentido.
É o homem que cria os valores e os bens nos quais se encarnam, independentemente dos quais só existem como projetos ou objetos ideais.
Os valores possuem uma objetividade especial que se distingue da objetividade meramente natural ou física dos objetos que existem ou podem existir independentemente do homem, com anterioridade à sociedade. Trata-se de uma objetividade que transcende o limite de um indivíduo ou de um grupo social determinado, mas que: não ultrapassa o âmbito do homem como ser histórico-social.
Valores Morais e Não-Morais
Os objetos valiosos podem ser naturais, isto é, como aqueles que existem originariamente à margem ou independentemente do trabalho humano (o ar, a água ou uma planta silvestre), ou artificiais, produzidos ou criados pelo homem (obras de arte).
O vocábulo "bom" sublinha o fato de que o objeto em questão realizou positivamente o valor que era chamado a encarnar, servindo adequadamente ao fim ou à necessidade humana respectiva. A relação entre o objeto e a necessidade humana correspondente é uma relação intrínseca, peculiar, na qual o primeiro adquire seu estatuto como objeto valioso, integrando-se de acordo com ela, como um objeto humano específico.
os atos humanos de utilização a serviço de determinados fins, interesses ou necessidades pode ser qualificada de um ponto de vista moral. Vê-se, então, que os objetos úteis, ainda que se trate de objetos produzidos pelo homem, não encarnam valores morais, embora possam encontrar-se numa relação instrumental com estes valores. Por isso, estes objetos devem ser excluídos do reino dos objetos valiosos que podem ser qualificados moralmente. Um mesmo produto humano pode assumir vários valores, embora um deles seja o determinante. Assim, por exemplo, uma obra de arte pode ter não só um valor estético, mas também político ou moral. É inteiramente legítimo abstrair um valor desta constelação de valores, mas com a condição de não reduzir um valor ao outro. Posso julgar uma obra de arte por seu valor religioso ou político, mas sempre com a condição de nunca pretender deduzir desses valores o seu valor propriamente estético. Mas, ainda que os valores se juntem num mesmo objeto, não devem ser confundidos. Isso se aplica de uma maneira especial no caso dos valores morais e não-morais. Ao estabelecer a distinção entre os primeiros e os segundos, é preciso lembrar que os valores morais se encarnam somente em atos ou produtos humanos e, entre estes, naqueles realizados livremente, isto é, de um modo consciente e voluntário.

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